Corpus Christi e Santo Ivo

image001No ano 1264, o papa Urbano IV instituiu a festa do Corpo e Sangue de Jesus Cristo, como uma resposta à heresia de Bérenger de Tours que negava a presencia real do Cristo na Eucaristia.

Na Bula Transiturus, escreveu: “Porém, é justo, a fim de confundir a loucura de alguns heréticos que seja lembrada a presença do Cristo no Santíssimo Sacramento.” Normalmente esta festa é celebrada sessenta dias depois de Pascoa, isto é na quinta-feira depois da solenidade da Santa Trindade, como no Brasil; contudo, foi transferida no domingo seguinte nos países nos quais essa festa não é mais feriado, como na França.

Vários laços podem ser estabelecidos entre esta festa que acabamos de celebrar na Igreja Universal e o próprio santo Ivo.

Primeiro, a festa foi instituída enquanto Ivo era vivo ainda, pois faleceu em 1303. Segundo, o papa Urbano IV, filho dum sapateiro da cidade de Troyes, foi bispo de Verdun, antes de tornar-se patriarca de Jerusalém: então, assim como santo Ivo, ele vem dum território que pertence à França hoje. Dito isso, será a Escola Francesa que haverá de divulgar a devoção para com a adoração eucarística. Em terceiro lugar, Ivo era ligado com os Franciscanos: com certeza, conhecia a “Carta aos Fieis” do Povorello de Assis, na qual este testemunha da importância da Eucaristia na sua própria vida. Em quarto lugar e sobretudo, o papa pediu a Santo Tomás de Aquino escrever os textos litúrgicos desta celebração: de fato, atribuímos-lhe as peça litúrgicas em latim desta festa, particularmente as mais famosas, o Pange Lingua e o Adorote Devote. Ora, é certo que Ivo Hélory de Kermartin, quando estudante em Paris, fora aluno do “Doutor Angélico”, como a Tradição da Igreja Romana o chama, por causa de suas obras sobre estas criaturas celestiais. De fato, ensinou lá entre 1268 e 1272. Com certeza, a devoção pessoal intensa de Tomás de Aquino para com a Eucaristia que celebrava cotidianamente, chorando segundo várias testemunhas, assim como a qualidade de seus ensinamentos no assunto, marcaram profundamente o jovem bretão e influenciaram a sua própria espiritualidade.

De fato, enfim, o laço mais importante entre a vida dele e esta festa do Corpus Christi decorre da própria piedade dele para com este grande mistério. 

Muitas testemunhas contam que Santo Ivo “celebrava devota e quotidianamente a missa, a cada manhã, na sua capela em KerMartin (Minihy-Tréguier) exceto quando doente ou esgotado.” Além disso, durante o processo de canonização, foi afirmado também que Santo Ivo aproveitou mais de cem vezes a oportunidade de celebrar a missa nos lares onde era recebido durante as suas viagens, isso muito provavelmente porque a maioria deles tinham pelo menos um oratório, ou mesmo uma capela.

Santo Ivo partilhava a devoção à Eucaristia com São Tomás de Aquino, algo bastante raro naquela época. Ivo “muitas vezes, depois da elevação do Corpo do Senhor, chorava amargamente, suspirava e gemia. Do mesmo modo, gemia e chorava frequentemente quando queria começar a pregar a Palavra de Deus .” Uma outra   testemunha precisa que o tinha visto chorar também “no início da missa, quando recitava o Confiteor, e depois da lavação das mãos, quando, reclinado, voltava para o altar a fim de ler a oração eucarística”. Na verdade, uma das características mais comoventes dos santos está na capacidade se sentirem infinitamente pecadores.

Os famosos tapetes serragem e areia colorida

em várias cidades do Brasil sobre os quais a processão caminhará.