Tempo Pascal
Durante a Quaresma, o Evangelho nos convida a contemplar as aparições do Cristo ressuscitado aos seus discípulos. Refletir sobre o que significa uma aparição é muito interessante para a nossa fé, especialmente para descobrir o que realmente acreditamos e esperamos sobre a nossa própria ressurreição.
De fato, o corpo ressuscitado do Cristo apresenta características muito estranhas. Ele pode aparecer no mesmo momento em dois lugares que são distantes de doze quilômetros; e as portas fechadas do Cenáculo não podem impedí-lO de entrar. Lá, os discípulos, aterrorizados, se reuniram para se lembrar os acontecimentos que eles acabam de viver, isto é, que estão celebrando as primeiras liturgias eucarísticas. Ora, os próprios discípulos de Jesus, incluindo os mais próximos dEle, se revelaram incapazes de reconhecê-lO … Somente três dias depois de Sua morte! Na verdade, quem seria incapaz de reconhecer um amigo querido somente três dias depois da partida dele? Então, o corpo ressuscitado parece muito diferente do corpo do Cristo durante a Sua vida terrestre! Contudo, com certeza se trata de Seu próprio corpo, concebido pelo poder do Espírito Santo, nascido da Virgem Maria, crucificado sobre Poncio Pilatos, porque Ele vai mostrar as feridas de Sua Paixão ao apostolo Tomé… embora não curadas ainda, pode se toca-las sem faze-lO sofrer. Eis as características dum corpo glorificado: livre de tudo que estragou nossa vida durante a vida presente, isto é, o mal, o sofrimento, a morte, que são as consequências do pecado.
Realmente, as aparições manifestam claramente que o mundo invisível existe e pode se tornar visível para fortalecer a nossa fé quando necessário. Mais ainda, elas provam que o Além deste mundo é muito provavelmente uma outra maneira de ser que um outro lugar onde estar.
O próprio santo Ivo foi beneficiário duma aparição, aliás uma epifania (manifestação). No seu solar (sua casa) de Kermartin, tinha recebido um pobre particularmente repugnante; tinha sitiado em frente dele e ia até o ponto de partilhar a mesma tigela. Apos a refeição terminar, o pobre tinha se levantado e tinha pedido licença, depois, voltou-se para Santo Ivo e os outros convidados e falou em bretão: « Kenavo. Ra vezo an Aotrou ganeoc’h ! » (Adeus. Fica com Deus!) No mesmo momento, o mendigo tinha sido transfigurado dum modo maravilhoso, vestido duma roupa branca. Parece que apenas Ivo fosse a testemunha disso porque teve que comentar com seus hóspedes: “Este que chegou tão feio, está indo tão bonito e a casa toda brilhou com a luz de sua veste.. Agora, eu sei que um mensageiro me visitou da parte de Nosso Senhor!”
Este testemunho, que foi recolhido durante o processo de canonização (testemunha 3) lembra, com evidência, a transfiguração do leproso que São Francisco de Assis viveu depois de beijá-lo mesmo sentindo nojo.
Ilustrações:
O quarto dos quinze vitrais que vão embelezar a capela da morro de Horacio (Brasil) a fim de que o povo deste muito violento bairro possa descobrir o Evangelho através da beleza da arte religiosa. Jesus encontra a Sua mãe que é representada aqui como Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil mes que, ao contrário, Maria nunca apareceu aos nativos brasileiros, mas manifestou-se em 1717 graças a uma imagem que foi recolhida na rede por alguns pescadores.