Maryam Yahya Ibrahim: “Sou Cristã”
Apenas um dia depois da festa de Santo Ivo, o santo padroeiro de todos os que lutam para a Justiça, não podemos aceitar estas situações. Ofereçamos orações, jejuns e sacrifícios e mandemos cartas de protestação para a embaixada do Sudão em nossos países. Infelizmente sabemos que este tipo de crimes acontecem também em outros países, como no Paquistão.
“Sou cristã, portanto, não apostatei”, com estas palavras a doutora sudanesa Maryam Yahya Ibrahim declarou no tribunal, depois que um religioso islâmico tinha tentado, por trinta minutos, convencê-la a “voltar para o Islã” ou retratar a sua apostasia. No dia 15 de maio de 2014, vinte seis anos, mãe de uma criança de quase dois anos e grávida de oito meses, foi condenada à pena de morte, por apostasia, e a 100 chibatadas, por adultério. Inicialmente, em agosto de 2013, Maryam foi presa sob a acusação de adultério, porque casada com um cristão.
Bem, Maryam nasceu de um pai muçulmano e mãe ortodoxa. O casamento dos seus pais é, portanto, islamicamente correto, pois, na lei islâmica, é permitido para um muçulmano se casar com uma mulher que pertença aos Povos do Livro, ou seja, uma mulher cristã ou judia. O direito islâmico, porém, não prevê o contrário, de modo que Maryam foi acusada de adultério porque casou-se “ilegalmente”, com um cristão que, como previsto pela Sharia, não abraçou o Islã antes de contrair o matrimônio.
Muitos ativistas sudaneses fizeram manifestações fora da Sala do tribunal, mostrando cartazes com os escritos: “Não ao processo às religiões”, “Nenhuma obrigação religiosa”, “Respeitar a liberdade das religiões”. As embaixadas dos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e os Países Baixos emitiram uma declaração conjunta pedindo o respeito da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Anistia Internacional mobilizou-se imediatamente.