O desenvolvimento sustentável

Um retorno interessante à reflexão sobre o elo entre a virtude da Justiça e a ecologia.

O cânone de Latrão – e completamente laico Presidente da República Francesa -, François Hollande, enviou oficialmente ao Papa Francisco um certo Nicolas (!) para contribuir ao  êxito da conferência sobre mudança climática em Paris em 2015.

Chegando em Roma na quinta-feira, 21 de novembro, eis aqui o que declarou Nicolas Hulot, o ex-apresentador de televisão que tentou também ser o candidato às eleições presidenciais françesas pelo Partido Ecologista (equivalente ao Partido Verde no Brasil).

“Este Papa, que adotou o nome do precursor da ecologia, pode aconselhar os líderes mundiais a entrar no jogo bem antes da Conferência de Paris.” “Eu vim ao Vaticano pedir sua ajuda para desbloquear suas relações multilaterais com o objetivo de exortar também os cidadãos a transformar a Conferência de Paris 2015 em um encontro útil”. “João Paulo II e Bento XVI prepararam o terreno. Mas, apesar de terem se expressado massivamente de forma escrita, não foram ouvidos. A voz deve ser mais poderosamente audível. Aquela que tem o Papa Francisco. Queremos uma voz que domine o tumulto. “

“A Igreja Católica tem um papel importante a desempenhar. A Igreja sempre esteve na vanguarda de sua atenção para com a pobreza, a desigualdade, o sofrimento. A crise ecológica combina todas as vulnerabilidades, determina todas as questões de solidariedade  às quais a Igreja está ligada. Ela deve se expressar com mais força do que normalmente ela faz.” “A crise ecológica é a mãe de todas as crises, enquanto que hoje colocamos em pé de igualdade todas as crises.” “Na encruzilhada da crise em que estamos, não basta tratá-la com uma abordagem política ou econômica ou tecnológica. Há também uma abordagem vertical: é uma questão de senso”. “As autoridades espirituais, as Igrejas, podem nos ajudar a restituir a razão ao progresso. É necessário redefinir coletivamente os fins e os meios.”

Nicolas Hulot deseja uma viajem do Papa que seja consagrada à mudança climática para por a humanidade face às de suas responsabilidades e para que ela veja esta realidade que já faz centenas de milhares de vítimas por ano e milhões de deslocados. “O egoísmo inconsciente que leva ao esgotamento dos recursos naturais e à destruição do meio ambiente pela poluição só pode ser condenado e combatido por todos aqueles que vêem o universo como a prova da existência de Deus e que « deveriam achar insuportável se resignar face à dilapidação da obra da Criação.”

O Vaticano é o primeiro de uma série de contatos que Nicolas Hulot deve ter com representantes de outras religiões, como o patriarca ortodoxo Bartolomeu e autoridades muçulmanas. Ele não encontrará o papa, mas muitos dos mais altos funcionários do governo da Igreja Católica.

Que mundo queremos deixar às gerações futuras?