Com certeza, Santo Ivo caminhou muito em sua vida. Como o Cristo, que caminhava pela Terra Santa em todos as direções para anunciar a boa notícia da vinda do Reino do Céu, Santo Ivo andou muito na sua Bretanha.

De fato, Santo Ivo vendeu o seu cavalo para alimentar os pobres que o interpelavam nos períodos de fome. Assim, Ivo teve caminhar muito, tanto de dia como de noite, para pastorear suas duas paroquias sucessivas – Trédrez e Louannec -, visitar cúria episcopal de Treguier onde devia trabalhar no tribunal eclesiástico, para passar no seu Solar de Kermartin, onde acolhia pessoalmente muitos necessitados, e … visitar os inumeráveis lugares onde era convidado a pregar, por toda a Bretanha. Provavelmente, estas longas caminhadas proporcionava-lhe a oportunidade de meditar e rezar profundamente.

Outros santos ficaram famosos por isso; São Francisco, São Domingos, e o santo pároco de Ars, São João Maria Vianney, entre outros. São João Maria Vianney escreveu: “Quando eu era pároco em Bresse, tive que percorrer grandes distâncias para substituir quase todos os meus colegas que estavam doentes; nestas intermináveis caminhadas, rezava ao bom Senhor e – podeis crer! – o tempo não me parecia longo.”

O agora santo, São João Paulo II, de acordo com várias testemunhas, concebeu várias encíclicas durante as caminhadas nas montanhas de que gostava tanto.

É interessante se lembrar desta característica de Santo Ivo quando, por várias vezes durante o tempo pascal, especialmente na noite da Páscoa e neste terceiro domingo, a Igreja nos oferece o relato dos companheiros de Emaús para meditar: aqueles tiveram o imenso privilégio caminhar com Jesus durante vários quilômetros e ser instruídos pelo próprio Senhor sobre as verdades que as Escrituras revelam a respeito dEle.

Na verdade, uma das especificidades do Evangelho de São Lucas é a ideia de caminho. Por exemplo, ele é o único Evangelista que fala do caminho – exterior e interior – do filho pródigo ou do caminho do Bom Samaritano de Jerusalém para Jericó. Ele aponta também muitas viagens de Jesus: rumo a Jerusalém, rumo a Galileia… Fazendo isso, Lucas quer nos chamar atenção sobre o fato de que nossa condição presente é uma peregrinação rumo aos Céus. Todos nós somos apenas peregrinos sobre esta terra!

É evidente que para nós, hoje, a presença de Jesus em nossas vidas é uma presença espiritual e invisível. Podemos vê-lo unicamente com os olhos de nossos corações: doravante, como disse Santo Agostinho, é mais íntimo a nós que nós mesmos” pois mora nosso coração!

Aliás, no Evangelho, o próprio Jesus se define como o Caminho. Refletindo sobre esta noção de caminho, podemos entender um ensinamento cheio de esperança. Com efeito, ainda que estejamos no início do caminho, ainda que estejamos caminhando nesta vida rumo ao reino de Deus, ou mesmo que estejamos no fim do caminho, perto da hora de nossa morte, estamos no caminho, isto é, estamos com Jesus! Jesus está conosco em cada momento de nossa vida …

Essa é a descoberta maravilhosa que os santos e santas fizeram … caminhando rumo ao Paraíso!