Santo Ivo tinha uma grande devoção para com santo Tugdual. A Igreja colocou a festa dele no dia 2 de dezembro… duma maneira um pouco arbitrária: de fato, não se sabe realmente o dia de sua morte. Com efeito, o dia da morte dos santos é, tradicionalmente, o dia que a Igreja quer celebrá-los pois ela considera, na fé, que entram no Paraíso. Por isso, ela chama o dia da morte dos santos de “dies natalis”, o que significa o dia do nascimento, o dia quando chegam à verdadeira Luz, a Luz eterna que nunca para.

Neste sentido devemos prestar atenção ao paralelismo presente no Evangelho do primeiro domingo do Advento, entre a vinda do dono da casa, isto é do Senhor, e a aurora: significa claramente que a nossa vida é uma noite e a nossa morte a entrada na verdadeira luz. Honestamente, quem considera sua vida como uma noite, e sua morte como o início do dia? Ao contrario, todas as mais comuns expressões comparam a morte a uma noite. Na verdade, na visão da fé, a vida terrestre é a noite, enquanto a morte é a aurora. Contudo, nesse Evangelho, muito provavelmente, o Cristo fala mais da revelação de Sua presença na grande noite da vida terrestre do que de Sua volta. Na verdade, Ele já voltou e está no meio de nós, especialmente através do sacramento da Eucaristia. O trecho do domingo passado ensina que o fim de nossa viajem terrestre consiste no encontro com Deus e na convivência com Ele. A criação toda se tornará a casa familial de Deus quando voltará.

Na verdade, sabemos muito pouco sobre Tugdual. Ele fundou a cidade de Treguier, muito provavelmente no século IV ou V. Era discípulo de São Patrício, cujos monges evangelizaram o norte da Europa, inclusive reinstalando a evangelização na Bretanha, que havia se voltado ao paganismo, depois uma primeira evangelização no século II. Eles observavam a regra, muito austera de São Columbano. Ele triunfou, desta forma, sobre o “dragão” da ignorância pagã como podemos ver em várias representações artísticas sobre ele. É possível que tenha sido ordenado por São Martinho de Tours. Há até uma lenda sobre ele ter sido eleito papa. Porém, teria recusado o resultado da eleição!